quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Norbert Schemansky



Norbert Schemansky (30 de maio de 1924, Detroit, Michigan - 07 de Setembro de 2016) campeão mundial e olímpico de Levantamento de Peso.

Quando Norbert Schemansky pediu a seu chefe um tempo para participar dos Jogos Olímpicos de 1948, teve a seguinte resposta: “vai ter o tempo todo que quiser, vou demiti-lo”. Schemansky disse: “não precisa me demitir, já estou saindo". Esta era uma das lembranças que Schemansky tinha de sua época de levantador de peso depois de mais de meio século.
Schemansky foi o primeiro levantador de peso a ganhar quatro medalhas olímpicas. Ele fez sua estreia nos Jogos Olímpicos de 1948 em Londres, ganhando medalha de prata na categoria de peso acima de 82,5kg, atrás de seu compatriota John Davis.
Quatro anos depois em Helsinque, ganhou o ouro na categoria até 90 kg, à frente do soviético Gregori Novak. Depois dos Jogos, retorna para sua casa nos Estados Unidos em Michigan e na obscuridade.
"Tive muitos empregos e minha esposa trabalhou muito - se não fosse por ela eu provavelmente não poderia ter me dedicado ao esporte". Schemansky já era campeão do mundo antes das Olimpíadas de 1952 e, quando foi competir, estava novamente desempregado, mas confiante. Lá, ele realizou o que nenhum halterofilista nunca tinha feito antes: o primeiro peso pesado a levantar o dobro do peso corporal. "Quando ganhei a medalha de ouro, eu pesava menos de 90kg e fiz 177,5kg de arremesso.”

"Para levantar peso naquela época, nós tínhamos apenas que limpar nossas unhas, nossos dedos, dar uma cuspida..."
Ficou fora dos Jogos Olímpicos de 1956 por causa de uma lesão nas costas, em que os médicos presumiam que ele ficaria paralítico. Contrariando as espectativas médicas retornou aos treinos e, em 1960, em Roma, ganhou medalha de bronze na categoria acima de 90kg, atrás de Yuri Vlasov da União Soviética, e do também americano James Bradford
Em 1964, Tóquio, sua quarta Olimpíada e aos 40 anos, Schemansky novamente ganhou o bronze na categoria acima de 90kg, atrás dos soviéticos Leonid Zabotinski e Yuri Vlasov.
Entre 1947 e 1964 Schemansky, ganhou sete medalhas nos campeonatos mundiais, três das quais de ouro. Em 1955, no México, ganhou o ouro nos Jogos Pan-Americanos. Não bastasse, Schemansky foi campeão de fisiculturismo em 1953 (Mr. Michigan).
Definiu 16 recordes mundiais ao longo de sua carreira — dois no Desenvolvimento, cinco no Arranco, seis no Arremesso e três no Total.
Um atleta que foi reconhecido em todo o mundo, mas não em casa. Schemansky é mais conhecido em Moscou do que em Michigan. "Eu tenho mais reconhecimento na Rússia do que aqui", disse Schemansky. "Um amigo meu costumava ir à Rússia durante o verão e certa vez ele estava sentado no restaurante, falando sobre mim. O garçom ouviu mencionar meu nome e pediu um autógrafo a este meu amigo, só porque ele me conhecia."
Schemansky pode ser considerado um dos últimos puros atletas amadores. Ele ganhou quatro medalhas olímpicas - o ouro, a prata e dois bronzes em quatro Olimpíadas – “e mais um monte de outras porcarias”, como ele diz, em várias competições de levantamento.

"Nem um centavo" disse ele sobre o seu salário como atleta. Hoje todos são profissionais bem pagos. Há sessenta anos, Campeões Olímpicos se esforçavam para vencer e a recompensa era olhar a coleção de medalhas. "Você acreditaria que alguém competiu por algo parecido?", mostrando uma medalha menor do que uma moeda de 5 centavos. "Não há mais aquele verdadeiro Espírito Olímpico", disse Schemansky. "Hoje são Jogos do Dinheiro". “Eu estava olhando uma foto de um jovem esquiador na capa da revista Sports Illustrated. Contei 13 patrocinadores: a faixa na cabeça, o equipamento, os esquis, a vestimenta etc., tudo com propaganda dos patrocinadores impressa." Schemansky continua: “Nunca recebi um apoio e não se podia receber nada," ele disse.

Ao longo dos anos que Schemansky competiu — sem receber fundos ou reconhecimento — quem controlava os esportes era a União Atlética Amadora. A AAU controlava atletas olímpicos dos Estados Unidos e as regras eram rígidas com relação a receber dinheiro. Uma vez a AAU deu-lhe um emblema para costurar no uniforme. Ele guardou na carteira. "É onde deve ficar", ele disse. "Não gostavam do que eu costumava dizer a eles."

Os atletas Olímpicos de hoje tem dietas especiais, preparadas por nutricionistas, suplementos, alguns usam esteróides. Schemansky teve sua dieta especial, também: Hamburguer, Pizza, Cerveja. "Se eu competisse atualmente, seria milionário. Uma cervejaria iria me patrocinar e uma rede de fast-food também".

O levantamento danificou o corpo de Schemansky. Após cirurgias por conta de duas rupturas de disco, retornou ao esporte quebrando recordes mundiais. Ele desafiou os médicos. "Os médicos disseram que nem caminhar eu poderia", disse ele. "Talvez eles estivessem certos. Eu não caminho bem agora e não posso levantar-me com facilidade”. Ele tinha 78 anos quando deu esta entrevista, este tipo de ironia e humor sempre o acompanharam.

"Tem um parque com o meu nome em Dearborn," disse ele, mostrando uma foto do Schemansky Park. "As pessoas perguntavam 'Quem foi Schemansky?' Agora eles colocaram uma placa com minhas conquistas."

Em 2005, a Federação Internacional de Levantamento de Peso (IWF) ao comemorar o primeiro centenário, reconheceu Schemansky e Tommy Kono como "Melhores levantadores de peso dos primeiros 100 anos da IWF".

Tommy Kono conta sobre o senso de humor de Schemansky:
Kono acabara de ganhar o Mr. World de 1954, concurso de fisiculturismo realizado junto com o Campeonato Mundial de Levantamento de Peso. "Norb veio para me felicitar. Enquanto ele me cumprimentava, virava a cabeça ao redor, e disse: ‘que mundo pequeno!’.” Rindo da lembrança, Kono acrescentou: "É o tipo de humor dele."

“Skee” utilizava a técnica de split. Repare abaixo o momento em que ele, no ar, já vai posicionando as pernas e a profundidade em que ele executa o encaixe da barra.













Tanto para fazer o Clean (primeiro tempo, utilizado no Desenvolvimento e no Arremesso) como no Arranco eram em split, e de uma profundidade que quase tocava o joelho no chão.
Suas melhores marcas em competições oficiais foram:
Desenvolvimento: 182½kg (em 1962); Arranco: 165kg (1964); Arremesso: 197½kg (1963).

Schemansky faleceu aos 92 anos, no dia 07 de Setembro de 2016.
Sobre a técnica de "Split": A partir da década de 70, tanto o Clean como o Arranco executados em split foram sendo deixados de lado até que o squat dominou as competições, embora continue sendo válido executar a técnica em split se o atleta preferir, mas hoje em dia é pouco comum vermos esta técnica sendo bem executada em competições. Não quer dizer que os atletas splitters eram menos eficientes, pois as marcas alcançadas eram bem consideráveis na época em que o squat começou a dominar. Hoje só é comum vermos o segundo tempo do Arremesso executado em split, assim com as outras duas técnicas com pés paralelos: a executada em posição mais alta, "push jerk" e a mais profunda, o “squat jerk”, onde o atleta executa quase um agachamento a fundo.
                                                                                                                   Jorge Califrer  
                  + Trechos de entrevista dada a Jerry Green, The Detroit News, Jan/02 


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